domingo, 25 de novembro de 2007

Adeus, Maratona!

Já vai quase um mês que eu não escrevo aqui, e na real deveria estar trabalhando ao invés de escrevendo porque a coisa anda bem corrida por esses dias. Mas já vão duas semanas desde a minha última Maratona enquanto competidor, e achei melhor falar um pouco disso aqui. Foi uma das coisas mais constantes da minha graduação, já que todo segundo semestre do ano nesses anos eu estava nela, em geral sempre deixando umas coisas pra trás nesse período e depois correndo atrás que nem um doido.

Conheci muita gente nesse meio, em especial nerds como eu, gente que você não encontra tão facilmente na rua. Aprendi bastante com muitos desses nerds: é um ambiente de expectativas, pressão, adversidades, aprendizado, e principalmente de lidar com pessoas. Decerto que um cara muito foda não precisa de time, leva ele nas costas e pronto. Mas caras fodas não são maioria. E, aliás, competir com caras fodas assim é outro desafio da brincadeira. Tem também daqueles times que soam como os imbatíveis, que atraem os holofotes, e galgar posição acima deles também é uma coisa legal quando acontece.

Passa o vestibular e você acha que o jogo da pressão foi aquele lá, e se você superou ele já está de parabéns. Mas já pensou fazer um vestibular em grupo? Suponha como se a folha de respostas demorasse a ser escrita, e só um pudesse escrever nela por vez, e ainda que uma pessoa sozinha dificilmente conseguiria corresponder a tanta exigência. A prova é até com certa consulta, ainda rola comes e bebes à vontade, você viaja e tem hotel bancado, e quem está ali também já brincou de "vestibular" antes...

Agora dá um certo vazio saber que nunca mais vou sentar ali com dois outros computeiros valendo qualquer campeonato - seja brasileiro, sul-americano, português ou do sudoeste europeu -, e eu tinha uma ambição meio medíocre de ir a um mundial, e só (bom, obviamente estudaria muito se conseguisse). No total foram 10 colegas, já que nunca repeti parceiro, e ainda um ou outro que nunca cheguei a montar time oficial. De todas as vezes, nesta e na de 2004 que eu treinei mais, e nas duas foi um nono lugar nacional. A competição aqui ficou mais difícil a cada ano, e hoje o nível da nossa região nos mundiais é melhor que de várias outras regiões (este ano em Tóquio, os times brasileiros todos ficaram acima dos do sudoeste europeu, por exemplo), mas ainda não estamos tão perto de poloneses, russos, chineses, canadenses, americanos e por aí vai...

Mas treinamos pra caralho considerando que ainda trabalhávamos dois de nós, talvez não com o devido foco, mas sempre teria o que se dizer sobre como melhorar algo, então foi o melhor que até ali a gente entendia que podia fazer. Ainda pretendo ajudar a Unicamp se ano que vem estiver por aqui, e talvez um dia ser formulador de problemas. Mas agora, aqui sentado na cadeira, com essa cara de garoto juvenil que às vezes não se passava nem por 16 anos pra comprar um vinho (ou 18 nas bandas de cá, que nem aconteceu em BH), eu ainda sim consigo me sentir meio velho, pegando essa tralha toda acumulada de papel e sabendo que não vou tirar ela de nenhuma caixa no próximo ano pra competir de novo.

Mas a gente é sempre velho ou novo pra alguma coisa... só se pode entrar para o ensino superior militar até os 21, e só dos 21 aos 35 que se pode tentar carreira diplomática, e só dos 35 em diante que se pode virar presidente. E, ainda sim, ser presidente no Brasil não exige a mesma intelectualidade que as duas outras coisas de que falei, e eu achava engraçado mas ao mesmo tempo triste quando pensava que, ao contrário do primeiro ministro português, sequer podíamos contestar o diploma do nosso camarada petista, já que ele nunca nem se matriculou (bom, parece que deram um diploma pra ele, mas ele não entrou realmente em nenhuma sala pra merecê-lo, e é daquelas frivolidades estúpidas de bajulação)... enquanto Dom Pedro II foi o primeiro patrocinador de Pasteur e trocava correspondências com Nietzsche, o nosso *amado* presidente quer reclamar de dar bolsas para brasileiros fazerem doutorado no exterior.

Que merda de caminho tomamos, não? (droga, desvirtuei o assunto)