sexta-feira, 31 de março de 2006

Para Um Grande Amigo
















As coisas vêm, as coisas vão. Estamos sempre morrendo e nascendo em todas as coisas e em todos os instantes. Realimentamos não só a terra um dia, mas o mundo o tempo inteiro - abandonando o que um dia foi nosso para dar espaço ao que um dia será nosso também. Tememos a mudança, atiramos lama nela, mas ela vem irrevogável como um trator. Lutamos tanto que lutamos até contra nós mesmos. É difícil aceitar o que o mundo pode nos dar pelo que nós damos a ele, mas existe uma grande conspiração por trás de todas as nossas ações e de quando elas ocorrem - para que no final das contas acabemos por perceber que estávamos no caminho correto o tempo inteiro, e a bagunça no meio do caminho era na verdade uma ordenação divina. Aos amigos que se vão, nossas boas lembranças e desejos de uma nova vida majestosa. Aos que ficam, nosso companheirismo camarada para não nos perdermos no meio da ordenação caótica.

terça-feira, 28 de março de 2006

Tô me Guardando pra Quando o Carnaval Chegar...

" Yane no ue de sora o aogu, hizashi wa uraraka
Miageru sora, karadajuu genki ga minagitteku

THAT'S SO
WONDERFUL! Ikiterunda!
Yamerarenai, akirameru da nante

Tohou ni kureta kinou ni sayonara
Futsufutsu to wakiagaru kono kimochi
Nando demo yomigaeru, hana o sakaseyou
Omoi dewa itsumo amai nige basho
Dakedo tachi kire, asu o ikiru tame
Shukufuku no toki wa kuru, te o nobashite

Uruwashi no yawaraka na hada, imada te wa todokazu
Me o tojireba fukuramu imeeji, miwaku no kajitsu

THAT'S SO WONDERFUL! Ikiterunda!
Yamerarenai, sono saki o mitai e

Dotou no hibi wa tsuzuku, doko made mo
Tengoku to jigoku, yukitsumodoritsu
Nando demo yomigaeru, hana o sakaseyou
Hashire hashire, ai o te nisuru made
Sore de kurushimunara nozomu tokoro
Shukufuku no toki ga kuru, te o nobashite

Tohou ni kureta kinou ni sayonara
Futsufutsu to wakiagaru kono kimochi
Nando demo yomigaeru, hana o sakaseyou
Omoi dewa itsumo amai nige basho
Dakedo tachi kire, asu o ikiru tame
Shukufuku no toki wa kuru, te o nobashite
Te o nobashite, ryoute agete "
Sakura Saku
Love Hina
















Parecia um cenário daqueles de videokê.
















E todo mundo chegou empolgado, até que...





















Marvada pinga 1 - reparem na cor do garoto.
















Marvada pinga 2 - instantes antes do banho de maracujá.


Essa aqui é para todos os amigos que comigo foram e para todos aqueles que lá eu fiz - na verdade essa poesia foi o presente de aniversário de um deles.















" Perdoa se hoje em verso rude não cadente
Ledos os sentimentos de minha alma exprimo:
Tu verás que na arte de poeta eu não primo
Porém verás que só digo o que meu peito sente.















Mas os teus anos que me alegram a mente,
Triste pensamento me faz vir do imo
De meu peito alegre. De ti que eu tanto estimo
Para o ano, em igual dia hei de estar ausente!
















Mas se de ti separar-me a extensão tão imensa,
A grande distância que entre nós estiver
Lembrança de ti não me fará perder.

Faz que tua alma a distância também vença,
Neste dia entre os amigos não te esquece
Daquele em quem tua lembrança não fenece. "
Soneto
Álvares de Azevedo



















Os 3 patetas.




















A anfitriã.




















A juiza do famoso concurso da ponte.




















A piada era boa, mas não to afim de outro soco.















Outros 3 patetas cantando depois de uma hora e meia indo e outra voltado junto com a Fernanda só pra jogar bilhar num buteco. Inumeráveis canções no caminho...
" Ela passou do meu lado
Oi, amor - eu lhe falei
Você está tão sozinha
Ela então sorriu pra mim
Foi assim que a conheci
Naquele dia junto ao mar
As ondas vinham beijar a praia
O sol brilhava de tanta emoção
Um rosto lindo como o verão
E um beijo aconteceu
Nos encontramos à noite
Passeamos por aí
E num lugar escondido
Outro beijo lhe pedi
Lua de prata no céu
O brilho das estrelas no chão
Tenho certeza que não sonhava
A noite linda continuava
E a voz tão doce que me falava
O mundo pertence a nós
E hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Não sei onde ela está
Hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Onde está meu amor? "
Hoje à Noite Não Tem Luar
Menudo















Meu primeiro churrasco pilotado.















Nosso futuro esporte de asilo!






























Discutindo a práxis e o imperativo categórico...















Não podia faltar a mais clichê de todas...
" Mudaram as estações e nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre, sempre acaba
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem
Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa "
Por Enquanto
Renato Russo

A todas essas figuras que me acompanharam nesses dias, os meus atrasados agradecimentos por um dos melhores carnavais que já tive.

" quem me vê sempre parado, distante
garante que eu não sei sambar
tou me guardando pra quando o carnaval chegar
eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando
e não posso falar
toô me guardando pra quando o carnaval chegar
eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar
tô me guardando pra quando o carnaval chegar
há quanto tempo desejo seu beijo
molhado de maracujá
tô me guardando pra quando o carnaval chegar
e quem me ofende, humilhando, pisando, pensando
que eu vou aturar
tô me guardando pra quando o carnaval chegar
e quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
tô me guardando pra quando o carnaval chegar
eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
tô me guardando pra quando o carnaval chegar
eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem me dera gritar
tô me guardando pra quando o carnaval chegar "
Quando o Carnaval Chegar
Chico Buarque

quinta-feira, 16 de março de 2006

Uma Homenagem

" Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha em fé em Deus, tenha fé na vida
Tente ou...tra vez

Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada aca...bou, não não não não

Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
Há uma voz que canta, uma voz que dança, uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente ou...tra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez "
Tente Outra Vez
Raul Seixas / Paulo Coelho / Marcelo Motta

















Esse post é em homenagem a uma pessoa teimosa, que é a mais nova aluna na Unesp. Escrevendo isso aqui eu lembro de São Bento do Sapucaí, e que ela já era teimosa desde pirralha. Estou muito feliz por isso, por ela ter chegado lá - mesmo matando aula do cursinho porque o irmão com nariz quebrado estava sozinho em casa.

Parabéns, e que você possa aproveitar ao máximo essa oportunidade!!!

domingo, 12 de março de 2006

Walk On!

"Cada minuto que se passa é uma chance de virarmos a mesa"
Vanilla Sky

Amanhã faz um ano que eu estou solteiro. Por mais fichas que tivessem sido apostadas naquele namoro em seus dias dourados, estávamos em um jogo sem vencedores - de mancos que só eram mancos porque tinham muletas um no outro - vivendo em uma paz armada cada vez mais instável. Foi um passo difícil, mas que precisou ser dado sem vacilo. Isso quase aconteceu um ano antes por iniciativa dela, mas eu vacilei - como aquele cara da música...

" Mas, egoísta que eu sou,
Me esqueci de ajudar
A ela como ela me ajudou
E não quis me separar. "
in Ainda é Cedo
Renato Russo


Não eramos mais as mesmas pessoas, e juntos isso não iria se reverter. Mesmo depois, voltar a ser o que você já foi há muito tempo demora. No início toda aquela confusão ainda estava presente, como ainda hoje eu olho no espelho e vejo a cicatriz do meu acidente - e não percebo o quanto ela diminuiu se não ver alguma foto de como estava há alguns meses.

Mesmo tendo aprendido muito sobre o que não fazer para que as coisas dêem certo, eu ainda vivo metendo os pés pelas mãos, mas é assim mesmo.

" é sempre a mesma stória
(é tão difícil partir)
é sempre a mesma stória
(é impossível ficar)
é sempre mais difícil dizer adeus
quando não há mais nada pra se dizer "
in Descendo a Serra
Gessinger

terça-feira, 7 de março de 2006

Em Algum Lugar do Passado...

" NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho! "
Lisbon Revisited (1923)
Álvaro de Campos














(as origens do Smurf)

Estava devendo um post, mas início de semestre é sempre a mesma correria.

Ver toda essa bixarada faz a gente lembrar quando esteve do outro lado do trote, e de tudo que aprendeu e construiu desde então. Essa poesia, escolhida pseudo-aleatoriamente com algum acaso do destino, fala muito do que eu entendo por essa construção pela qual passamos ao entrar pra faculdade, morar longe e passar pelos apuros que cada um é destinado em sua caminhada.

E não deixa de ser jocosa também!

quinta-feira, 2 de março de 2006

Há 2 Dias Foi 28 de Fevereiro

" nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
o medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
então erguemos muros que nos dão a garantia
de que morreremos cheios de uma vida tão vazia

nas grandes cidades de um país tão violento
os muros e as grades nos protegem de quase tudo
mas o quase tudo quase sempre é quase nada
e nada nos protege de uma vida sem sentido

um dia super
uma noite super
uma vida superficial
entre cobras
entre as sobras
da nossa escassez

um dia super
uma noite super
uma vida superficial
entre sombras
entre escombros
da nossa solidez

nas grandes cidades de um país tão surreal
os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal
levamos uma vida que não nos leva a nada
levamos muito tempo pra descobrir
que não é por aí... não é por nada não
não, não, não pode ser... é claro que não é
?SERÁ?

meninos de rua, delírios de ruína
violência nua e crua, verdade clandestina
delírios de ruína, delitos & delícias
a violência travestida faz seu trottoir
em armas de brinquedo, medo de brincar
em anúncios luminosos, lâminas de barbear

um dia super
uma noite super
uma vida superficial
entre cobras
entre as sobras
da nossa escassez

uma voz sublime
uma palavra sublime
um discurso subliminar
entre sombras
entre escombros
da nossa solidez

viver assim é um absurdo (como outro qualquer)
como tentar o suicídio (ou amar uma mulher)
viver assim é um absurdo... "
muros & grades
(gessinger/licks)

Retomando a perplexidade "verbetiniana" (www.devaneiosdoverbete.zip.net), gostaria de tratar do tempo e das contradições humanas. Não sei quem, mas o que me importa é o quê e o quando. Quando os calendários ainda eram imprecisos, aos sábios cabia dizer quando se deveria adicionar alguns dias ao ano corrente para corrigir eventuais distúrbios. Obviamente, a adição de dias se vinculava à situação política: um governo vigente a favor do sábio ganhava os dias adicionais, enquanto um opositor não ganhava.

Em um breve vislumbre, o homem era capaz de moldar o tempo conforme a sua vontade e a sua paixão. A modernidade, com seu cientificismo, aboliu o poder do velho sábio. Estamos seguros contra seu despotismo, apalpamos a abstração da justiça e perdemos o controle sobre o correr do tempo. O mesmo homem que hoje se prende às suas regras de passagem de tempo foi aquele que riu delas com seus sábios no passado, e que agora deseja desafiá-las com seus físicos teóricos.

De dominadores a dominados pelo tempo, eis o preço para nos defendermos de nós mesmos. Nossa complexidade e nossa miséria se prendem à nossa preocupação excessiva com o parasita e o prejudicial. Vivemos estabelecendo regras, morais e cerimônias que nos protejam do erro e da dor. Descolorimos o belo da Vida, nos atemos ao que é seguro e fácil. Nos acomodamos em um cativeiro mental e levamos quem nos interessar ladeira abaixo, conscientes da tensão suspensa nessa paz armada sem vencedores definitivos. A democracia, por exemplo, é uma mentira muito bonita até que por seus próprios meios um grupo autoritário chegue ao poder - falta respeito e coerência na intervenção internacional no Oriente Médio.
















(uma foto nada espontânea em Ubatuba)


Vivemos apenas nas tentativas. É por isso que o que espero em alguém é que pegue a contramão comigo. Hoje é 2 de março e nada vai mudar isso. Talvez devamos mesmo deixar o tempo como está, e apenas pararmos de olhar tanto para o relógio. Mas ainda existem muitos muros e grades que não levam a nada.